Chama-me vida
Cada dia era um dia.
Cada hora dizia
algo novo sobre ser mulher,
sobre ser maior,
sobre o medo e o amor.
Cada olhar, cada adeus,
cada gesto dos seus,
era luz, era choro, era canto,
era pouco e era tanto,
no seu manto de cor!
E, no fundo,
a fobia da coragem
essa eterna viagem.
bem tentava curar,
para ter algo de seu.
Mas, só no nada querer,
ela nada perdeu!
Toda a gente dizia:
“Suga-me até ao tutano
e chama-me vida!
Deixa-me ser a paragem da tua corrida.
Mesmo os rios mais inquietos descansam no mar,
não quero que um dia caias de tanto voar!”
E ela respondia:
“Voo porque lá em cima me deixam sonhar!
Cada paragem que faço é só para descansar.
Mas levo tudo em minhas águas,
não quero apagar-te.
Chamo-te vida se dela quiseres fazer parte!"
Cada chão era um palco.
Cada rua um teatro.
Mesmo um erro eram sábios miúdos a chorar por um sorriso.
Era fácil sofrer:
Se temia, arriscava!
Se gostava, beijava!
Sem qualquer preconceito ou mensagem
Que à sua passagem ensinava a viver
Esta música é dos Anaquim, já referidos aqui no blog, e pode ser ouvida
aqui. É absolutamente deliciosa, com muitos cheirinhos a Sérgio Godinho e um poema absolutamente divinal. Este Verão, ao descobri-la, saltou-me à memória um dos livros mais marcantes da minha infância/inicio de adolescência e tive que voltar a lê-lo. É um livro da Alice Vieira e, como todos os seus livros, é uma ternura do inicio ao fim e uma lição de amor, sonhos e imaginação. Chama-se
Se Perguntarem Por Mim Digam Que Voei, cheio de mistica, mezinhas, rezinhas, tradições, laços familiares e amor e será, logicamente, um livro obrigatório na infância dos meus filhos!

"Por luas e sóis
E mundos a haver"